terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ao mestre...


Os Ombros Suportam o Mundo

Carlos Drummond de Andrade



Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.

Tempo de absoluta depuração.

Tempo em que não se diz mais: meu amor.

Porque o amor resultou inútil.

E os olhos não choram.

E as mãos tecem apenas o rude trabalho.

E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.

Ficaste sozinho, a luz apagou-se,

mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.

És todo certeza, já não sabes sofrer.

E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?

Teu ombros suportam o mundo

e ele não pesa mais que a mão de uma criança.

As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios

provam apenas que a vida prossegue

e nem todos se libertaram ainda.

Alguns, achando bárbaro o espetáculo,

prefeririam (os delicados) morrer.

Chegou um tempo em que não adianta morrer.

Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.

A vida apenas, sem mistificação.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Auto-expressão


Eu sou calado, eu sou quieto
Eu sou impaciente, sou extressado, sou extressado!
Sou feliz, sou triste, sou deprimido, sou engraçado, sou um pé no saco.
Sou, sou... Não sou nada!

Estou fudido, cagado; estou realizado, satisfeito;
Estou indiferente, estou vazio, estou incompleto, estou pleno
Estou no chão, estou no nada.

BURRO, IMATURO, CHORÃO, sagaz, maduro, racional...
Palhaço, banana, imoral, ilegal.
Sou Einstein, sou Simone de Bouveaur, sou Pagu, sou Platão,
Sou Tiririca, sou Xuxa, sou ex-BBB.

Quero a solidão, quero o silêncio
Ainda quero o silêncio...
Quero a morte, quero a ganância, quero o pecado
Quero a raiva, quero o ódio, quero a loucura.
Mas e a paz? E a espiritualidade?
Por hoje não!

Por agora quero sumir, quero me perder
Quero me esconder.
Quero partir, quero fugir, quero pirar.

Posso chorar, posso enfrentar
Posso temer, posso tremer,
Posso me esconder, posso lutar
Posso gritar, preciso gritar, preciso correr
Preciso me expressar!

Quem sabe possa me achar,
Me enfrentar, me acalmar
Me enganar.
Fingir-me feliz, fingir-me satisfeito.

Por um instante preciso ser o que não sou;
Fazer o que quero e não quero pela simples experimentação,
Pela simples vontade que nos faz sujos, sem caráter, corrompidos
Ou plenos, espertos, versáteis.

Buscar o sentido no nada ou achar que nada tem sentido?
Fugir da contradição ou aceitá-la?
Crescer ou se igualar?
Confiar ou duvidar?
Aceitar ou lutar?
Isolar-se ou interagir?
Pensar ou esquecer?

Pensar, enlouquecer, morrer!Auto-expressão
Eu sou calado, eu sou quieto
Eu sou impaciente, sou extressado, sou extressado!
Sou feliz, sou triste, sou deprimido, sou engraçado, sou um pé no saco.
Sou, sou... Não sou nada!

Estou fudido, cagado; estou realizado, satisfeito;
Estou indiferente, estou vazio, estou incompleto, estou pleno
Estou no chão, estou no nada.

BURRO, IMATURO, CHORÃO, sagaz, maduro, racional...
Palhaço, banana, imoral, ilegal.
Sou Einstein, sou Simone de Bouveaur, sou Pagu, sou Platão,
Sou Tiririca, sou Xuxa, sou ex-BBB.

Quero a solidão, quero o silêncio
Ainda quero o silêncio...
Quero a morte, quero a ganância, quero o pecado
Quero a raiva, quero o ódio, quero a loucura.
Mas e a paz? E a espiritualidade?
Por hoje não!

Por agora quero sumir, quero me perder
Quero me esconder.
Quero partir, quero fugir, quero pirar.

Posso chorar, posso enfrentar
Posso temer, posso tremer,
Posso me esconder, posso lutar
Posso gritar, preciso gritar, preciso correr
Preciso me expressar!

Quem sabe possa me achar,
Me enfrentar, me acalmar
Me enganar.
Fingir-me feliz, fingir-me satisfeito.

Por um instante preciso ser o que não sou;
Fazer o que quero e não quero pela simples experimentação,
Pela simples vontade que nos faz sujos, sem caráter, corrompidos
Ou plenos, espertos, versáteis.

Buscar o sentido no nada ou achar que nada tem sentido?
Fugir da contradição ou aceitá-la?
Crescer ou se igualar?
Confiar ou duvidar?
Aceitar ou lutar?
Isolar-se ou interagir?
Pensar ou esquecer?

Pensar, enlouquecer, morrer!

sábado, 26 de setembro de 2009

O começo


O ametaforado metido a poeta

Leio os grandes
E percebo minha mediocridade.
Ainda assim continuo escrevendo,
Buscando minha verdade,
Modificando-me e revelando o que sou ou finjo ser.

Talvez nunca escreva bem,
Mas ainda assim quero sentir essa necessidade de escrever,
Assim como almejo satisfazer-me e temo sentir-me satisfeito.

Uma pitada de maconha,
Uma colher de insanidade,
Mais baldes, vasilhames, tanques de conhecimento e vocabulário,
Por ventura aprimorariam minha suposta poesia.
Poderiam, todavia, comprometer sua pureza e autenticidade,
Que por ora são as únicas qualidades que minha violenta autocrítica ou bom senso permite notar.

Gabriel T.