quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Desabafo

Talvez a poesia ao se aproximar de outros, decidiu por se afastar de mim. Todo sentimento já não é transcrito, falta o que não sei descrever, falta o que desconheço. Será que a verdade mudou, e já não me interessa transpô-la? Acho que estava preso a uma forma que já não me satisfaz, ou que precisa de férias. Assim farei, não forçarei a barra, talvez algumas experimentações nada premeditadas, talvez um pouco de espanto libertem e me transportem de volta ao Mundo que não quero abdicar. Certamente este Mundo não será aquele que conheci, mas tenho certeza que me proporcionará novas magias, tempestades e devaneios, e manterá uma essência que o fará sincero, real e digno.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Somos o que, afinal?



Somos o que, afinal?
Nenhuma categoria nos quer,
Nenhuma palavra nos define,
Nenhum sentimento nos expressa.


Por que diabos continuamos assim?
Somos e não somos amigos,
Somos e não somos amantes,
Apenas o fel nos contenta.


Saberíamos viver de outra forma?
Mantemo-nos inertes diante de quaisquer revoluções,
Mudanças aparentes se resumem a um fim comum,
Retornaremos ao mesmo drama enfim.


Pois então, de quem é a culpa?
As contradições se uniram em busca do inatingível.
Temos prazer pelo sabor e dor de assim ser,
Ambos culpados e reféns de nossa fraqueza e destino.


Gabriel T.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Puro como o pecado



Puro como o pecado



Quando inspiro a pureza,
Um leve prazer pela ignorância vem a mim.
Logo a expiro, já descaracterizada,
Ciente de toda corrupção que a aguarda.


Quando inspiro o pecado,
O sangue e a insaciedade me contaminam.
Logo o expulsam, já cansado,
O líquido o transporta, a razão reacende.


Ficaram desapercebidos resquícios
De pureza incapazes de santificar,
De pecado incapazes de sujar.


Restaram-lhes conviver, reproduzir,
Nas divergências, fortaleza.
Assim tornei-me puro como o pecado.

Gabriel T.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Visões

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Mesmo sentado no escuro,
Percebo um mundo de que não me orgulho,
O cheiro de hipocrisia tomou nossos lares,
A normalidade contaminou mentes brilhantes.
No claro, tudo é óbvio, programado, constante.


Nas Casas, o ridículo soa ordinário,
Poupe-me da máscara menos afetada do Judiciário.
No bolso furado do povo, não lhe cabe muitos gritos de revolta,
A fome os calou, a descrença os calou, a luta do dia-a-dia não lhes permitem a Grande Luta.
Recorrem a Deus, seu silêncio ao menos não decepciona.

Gabriel T.

sábado, 9 de janeiro de 2010

.../.



Se é minha companheira,
Meu carma, minha obsessão,
Com ela posso me aventurar,
Aprender, me desvendar.

No jogo,
O Game Over parece inevitável,
O Restart indisponível,
Mas enquanto estou na luta,
Esquivar-me-ei até a última cartada.

Permito-me quase tudo,
Menos dela zombar.
O invencível sempre ganha,
A fraqueza da mortalidade fada-se ao fim.

Se me resta seguir em frente,
Assim o farei fulminante e curioso.
Mas se meus passos tornarem-se lentos,
Se minha mente parecer vazia...
Desistir talvez não seja uma tolice.



Gabriel T.