sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Exaltação às revolucionárias de todos os tempos

Les Deimoiselles d'Avignon - Picasso




Exaltação às revolucionárias de todos os tempos

Ergam-se,
Vocês se encontram junto aos grandes,
Despertando desejos,
Contendo instintos,
Alimentando paixões.

Não têm que ser perdoadas,
Nem pedir redenção!
Dos grandes poetas ao pequeno empresário;
Todos te almejaram e te tiveram,
Inspiraram-se em suas curvas e magias.

Vocês que lutaram contra o aprisionamento sexual,
Contra o moralismo cristão,
Lutaram pela liberdade mesmo quando aprisionadas e queimadas,
Mesmo quando ridicularizadas ou surradas.

O sexo é uma arma,
E a utilizam como ninguém!
Se pecam é por fazer com que as Amélias
que tanto te criticam
continuem com seus maridos
em sua estável e moralizada casa,
pelo menos enquanto estas estão acordadas.




Gabriel T.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Reino dos malditos




Eis o reino dos malditos,
Dos sedentos e dos sem rumo,
Dos solitários e do submundo.
Onde se confunde lixo e luxo.

Lá onde a vida é vadia,
Lá onde tudo é pecaminoso,
Cristãos se escandalizariam,
Até experimentá-lo.

Almas vagantes, corpos calientes,
Corações pulsantes, mentes dormentes.
Onde tudo pode o vício é inevitável!

Um brinde à liberdade incontrolável,
Sem amarras, sem rezas, sem culpa...
Brindemo-na até que a mesma nos engula.



Gabriel T.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Nem carne, nem mente, nem alma




Meus olhos não alcançam o mundo da fantasia,
Minha mente desistiu de tentar se enganar,
Minha alma nem se vendeu, nem evoluiu,
Meu coração não consegue sofrer e revigorar.

Desacreditado do meu próprio ceticismo,
A vida desmistificada sem ser compreendida,
A dor insensível, pois inexistente,
Não há euforia, não há desejo ardente.

O deja vu constante encontrará seu fim,
A vida há de me bater e despertar,
Ou esperarei que você me contagie.
Assim descubrirei meu céu, seu mel, nosso mar.


Gabriel T.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Alianças

Algo está fora do lugar,
A vontade está em dúvida,
As águas inverteram seu fluxo,
A antena está desligada.

Os anéis foram entrelaçados,
A eternidade sendo reafirmada,
O ouro descoberto,
O plástico descartado.

A TV progressivamente religada,
O elo vai se enfraquecendo,
O óbvio virá à tona,
A sombra se esconderá.

As bênçãos romperam-se,
Os pecados converteram-se,
Os acertos ignoraram-se,
O eterno se relativizou.

Novos vínculos virão,
Com alguns acertos do passado,
Novos erros do amanhã,
Com toda a instabilidade do mundo.

Gabriel T.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Naquela noite

.

No bar,
Um alívio para a solidão,
Mais um copo contra a compaixão pedi.
Corroído pela angústia, uma dose de pinga refrescava.

Veio a mim uma jovem,
Insossa para quem não podia enxergar
Toda sua inocência vulgar.
Simplesmente, Bárbara.

Cabelos ruivos ao vento,
Olhar pneumático e tentador,
Boca volumosa e quente,
Decote chamativo e encorajador.

A cada gole o encanto crescia,
2 garrafas de Aguardente Santa Volúpia.
Já estava bêbado para a partida...
Não sem a sua companhia.

O que aconteceu depois:
A bebida me censurou.
O que restou da memória entorpecida:
O cheiro do cigarro e perfume que trazia,
A minha casa roubada e destruída,
E uma dor de cabeça filha da **** durante dias.

Gabriel T.

sábado, 7 de novembro de 2009

Observas tu no espelho

Bons tempos aqueles,
A fumaça do baseado te elevava,
O amor ainda reluzia e em dor, ainda sorria.
Agora só te permites vagar em seu casulo;
Seu reflexo, o limite. Sua vida, um ponto esperando o final.

Sujo, vago, seco, duro;
Sinto-te anestesiado,
Imóvel, inerte, limitado;
Encalhado ao óbvio, impossibilitado do além.
Pobre de ti, a fuligem das fábricas entrevaram tuas engrenagens!

Observas tu,
Como se o vazio do mundo te tomasse,
Adentrasse tua alma agora efusiva,
Tornaste o que condenavas,
Vítima da razão, escravo da visão.

Permita-te se renovar sobretudo.
Encara-te no espelho, e depois desafie o mundo!

domingo, 1 de novembro de 2009

"Inexpressão"

Inexpressão

Pensamentos caem em um fluxo acelerado e inconstante,
A razão sobrevoa por meus sentimentos e sensações,
Verdades se deslocam, se misturam, se invertem, se negam.
O ar inspirado já não é límpido e inocente.
Todo tipo de disfarce se extirpe em prol da verdade inconsequente.
O poeta ametaforado nem pode mais fazer sua arte (se é que ele já pôde!).

Tudo parece tão cético, tão óbvio, tão programado
Tudo parece tão natural, tão chato, tão repetitivo...
Falta drama, paixão, ilusão, emoção, tesão,
Falta alegria, arrepio, encantamento, tentação,
Falta tudo que nos faz vivo,
Como queria sentir dor!

A causalidade foi desvendada,
O futuro é produto de um cálculo exato.
O sexo, simples exteriorização de movimentos mecânicos.
O sentido da vida se limita ao nascer e morrer.
A doença, o fato que mais nos aproxima da vida.
A melancolia das palavras não pode ser sentida,
O desabafo aparente não passa de uma demonstração do óbvio.


Gabriel T.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Essa tristeza que te consumiu

Essa tristeza que te consumiu,
Como o fato que corroeu o previsível,
Como a fome que mastigou o miserável.

Essa alma que se fez vendida,
Como uma sádico que se fez mazoquista,
Como um piegas que se fez calculista.

Essa fúria que te fez perversa,
Como um sábio que se fez monstro,
Como um traído que se fez assassino.

Trocaste a candura pelo seu revés,
Em sua luta, confundiste as mãos pelos pés,
Não voltes ao que eras,
Mas não permitas ser como estás.

Gabriel T.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Visões de um "escrevedoreco" - Parte 1

Luz, produtora de sombra. Como todo ato cria também malgrado. E se permitíssemos viver dessa sombra por um momento, e não simplesmente negá-la? E se conseguíssemos enxergar algo de bom na boca ou no chefe do Inferno? Para mim, soa ridícula a idéia maniqueísta de Céu e Inferno pelo simples fato de que ninguém é tão bom ou mau o suficiente para se salvar ou penar totalmente. Caso houvesse um meio-termo, que ainda seria idealizado, nesse lugar gostaria de me encontrar, apesar de ainda preferir a linda idéia da reencarnação. O meio-termo, que não ouso impor-lhe nome, (e que dificilmente me agrada em outros casos), permitir-nos-ia satisfazer com o bem, e aprender com o erro, com o sofrimento e por que não com o pecado!? Se escondes tua sombra, talvez percas o melhor da diversão e da sabedoria:

Oh sombra,
Encantaste-me tardiamente,
Agora quero abusar-te.
Errante que sou,
Difícil me faz o equilíbrio.

Nos diabos,
Autoridade, vontade,
Firmeza, magia,
No inferno do cotidiano,
Aprendizado.

Como toda erva, o obscuro e o pecado têm seu lado B. Há tempos atrás, o “mau” me parecia meramente mal. Agora arrisco tornar-me refém do obscuro. Daí a necessidade do equilíbrio. O obscuro se evidenciado totalmente perde sua magia e benefícios e existem coisas que realmente devem ser escondidas:

“Existem nas recordações de todo homem coisas que ele só revela aos amigos. Há outras que não revela mesmo aos amigos, mas apenas a si próprio, e assim mesmo em segredo. Mas também há, finalmente, coisas que o homem tem medo de desvendar até a si próprio...” (Dostoiévski)

Quando digo do obscuro e da sombra pessoal não significa necessariamente nosso lado tido como prejudicial, maléfico, mas tudo aquilo que parece intrínseco e inevitável, mas que é mascarado, inutilizado, reprimido por nós mesmos ao invés de buscarmos lidar com isso:

A sombra – Pitty

Pra quê dissimular?
Se ela me segue aonde quer que eu vá?
Melhor encarar
E aprender com ela a caminhar
Não vou mais negar
Por todo caminho, minha sombra está
Eu quero saber me querer
Com toda a beleza e abominação
Que há em mim
Isso nunca se desfaz
E quanto a desejo, não há paz
(...)


Obs: Quando comecei a escrever esse pensamento, não parti da música “ A sombra” da Pitty, mas ao desenvolvê-lo percebi que a influência desta estava sendo determinante. Permite-me então deixar essa influência rolar, evidenciada mais uma vez pelo trecho de Dostoiévski que também serviu a música 8 ou 80 da mesma. Mesmo com o medo de ter perdido minha identidade, acredito que boas referências são sempre válidas, e me vejo totalmente no que escrevi.
To Be Continued... xD
Gabriel T.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Minha opção é minha fraqueza

Fraco me ponho frente a ti,
Preferindo-a ter na medida em que soe eterno,
Insuficiente para que seja intenso.

Em meus devaneios,
Animalescamente a possuo.
Vividas mulheres se escandalizariam!
Mas não se preocupes, minha cara,
Ao te ver, retomo meu lado amigo.

Nego tratar-se de amor impossível,
Contenho-me apenas por meu ceticismo.
A chama que apaga me consumiria.
Das cinzas; frio, gelo.
A insensibilidade póstuma me doeria mais.


Gabriel T.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009



Como você me veria hoje,
Orgulhar-se-ia do que vê
Ou choraria pelo que me tornei?
Consegue ver meu sucesso
Ou prevê minha solidão e fim?

E se estivesse conosco,
Entenderia meu vazio
Ou me confortaria dizendo que não estou sozinho?
Tentaria remendar minhas asas,
Ou protegeria seu anjo torto predileto?

Fale-me que sou especial,
E se conseguir perceber aonde quero chegar
Suplico sua proteção, apoio e fortaleza.


Gabriel T.

sábado, 17 de outubro de 2009

Vivamente

Mente displicente,
Por ora se perde da sede.
Toma um vôo entorpecente
Para que de toda loucura não se seque.

Mente atenta,
Por ora se faz careta.
Foge de toda revolta
Para que durma leve e quieta.

Mente dúbia,
Por ora se faz coerente.
Mente para todos em sua volta
Para que fuja da inevitável contradição.

Mente conturbada,
Porque assim a quer.
Por glória, sempre em sua busca incessante
Até que a quase-morte lhe ponha fim.

(Gabriel Teixeira)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009






Dilema

De um lado,
A delícia da solidão bem-vivida,
As aventuras da solteirice,
E bons drinks para bebemorar.

De outro,
A arte do entrelace,
O leve equilíbrio de um relacionamento,
E uma companhia para compartilhar.

Lado A,
Baderna, autonomia,
Inconstância, pés no chão.

Lado B,
Dependência, companheirismo,
Confidência, compaixão.

Dois lados com pedras e vinhos,
Uma inevitável escolha.
Gabriel T.

sábado, 3 de outubro de 2009


O Dia D

Tempestiva madrugada aquela,
Permitindo-me tolo, espalhei sofrimento.
Em busca de uma fundada ilusão, fui vítima do meu mau-gosto.

O veneno me atiçou, vermelha como em conto de fadas,
A maça se fez irresistível, seu cheiro me fez egoísta.
Em minha valente covardia, me fiz um completo idiota.

O gosto do fel de suas verdades berradas,
O escarro de sua dor e decepção me tomaram,
O efêmero e inocente doce da ilusão nem chegou aos meus lábios.

Restou em mim a redenção, o choro ridículo de quem se viu frágil.
Em você, a raiva e desejo de vingança de um vitimado.
Todos reféns de minha entorpecente decisão.

Gabriel T.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ao mestre...


Os Ombros Suportam o Mundo

Carlos Drummond de Andrade



Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.

Tempo de absoluta depuração.

Tempo em que não se diz mais: meu amor.

Porque o amor resultou inútil.

E os olhos não choram.

E as mãos tecem apenas o rude trabalho.

E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.

Ficaste sozinho, a luz apagou-se,

mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.

És todo certeza, já não sabes sofrer.

E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?

Teu ombros suportam o mundo

e ele não pesa mais que a mão de uma criança.

As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios

provam apenas que a vida prossegue

e nem todos se libertaram ainda.

Alguns, achando bárbaro o espetáculo,

prefeririam (os delicados) morrer.

Chegou um tempo em que não adianta morrer.

Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.

A vida apenas, sem mistificação.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Auto-expressão


Eu sou calado, eu sou quieto
Eu sou impaciente, sou extressado, sou extressado!
Sou feliz, sou triste, sou deprimido, sou engraçado, sou um pé no saco.
Sou, sou... Não sou nada!

Estou fudido, cagado; estou realizado, satisfeito;
Estou indiferente, estou vazio, estou incompleto, estou pleno
Estou no chão, estou no nada.

BURRO, IMATURO, CHORÃO, sagaz, maduro, racional...
Palhaço, banana, imoral, ilegal.
Sou Einstein, sou Simone de Bouveaur, sou Pagu, sou Platão,
Sou Tiririca, sou Xuxa, sou ex-BBB.

Quero a solidão, quero o silêncio
Ainda quero o silêncio...
Quero a morte, quero a ganância, quero o pecado
Quero a raiva, quero o ódio, quero a loucura.
Mas e a paz? E a espiritualidade?
Por hoje não!

Por agora quero sumir, quero me perder
Quero me esconder.
Quero partir, quero fugir, quero pirar.

Posso chorar, posso enfrentar
Posso temer, posso tremer,
Posso me esconder, posso lutar
Posso gritar, preciso gritar, preciso correr
Preciso me expressar!

Quem sabe possa me achar,
Me enfrentar, me acalmar
Me enganar.
Fingir-me feliz, fingir-me satisfeito.

Por um instante preciso ser o que não sou;
Fazer o que quero e não quero pela simples experimentação,
Pela simples vontade que nos faz sujos, sem caráter, corrompidos
Ou plenos, espertos, versáteis.

Buscar o sentido no nada ou achar que nada tem sentido?
Fugir da contradição ou aceitá-la?
Crescer ou se igualar?
Confiar ou duvidar?
Aceitar ou lutar?
Isolar-se ou interagir?
Pensar ou esquecer?

Pensar, enlouquecer, morrer!Auto-expressão
Eu sou calado, eu sou quieto
Eu sou impaciente, sou extressado, sou extressado!
Sou feliz, sou triste, sou deprimido, sou engraçado, sou um pé no saco.
Sou, sou... Não sou nada!

Estou fudido, cagado; estou realizado, satisfeito;
Estou indiferente, estou vazio, estou incompleto, estou pleno
Estou no chão, estou no nada.

BURRO, IMATURO, CHORÃO, sagaz, maduro, racional...
Palhaço, banana, imoral, ilegal.
Sou Einstein, sou Simone de Bouveaur, sou Pagu, sou Platão,
Sou Tiririca, sou Xuxa, sou ex-BBB.

Quero a solidão, quero o silêncio
Ainda quero o silêncio...
Quero a morte, quero a ganância, quero o pecado
Quero a raiva, quero o ódio, quero a loucura.
Mas e a paz? E a espiritualidade?
Por hoje não!

Por agora quero sumir, quero me perder
Quero me esconder.
Quero partir, quero fugir, quero pirar.

Posso chorar, posso enfrentar
Posso temer, posso tremer,
Posso me esconder, posso lutar
Posso gritar, preciso gritar, preciso correr
Preciso me expressar!

Quem sabe possa me achar,
Me enfrentar, me acalmar
Me enganar.
Fingir-me feliz, fingir-me satisfeito.

Por um instante preciso ser o que não sou;
Fazer o que quero e não quero pela simples experimentação,
Pela simples vontade que nos faz sujos, sem caráter, corrompidos
Ou plenos, espertos, versáteis.

Buscar o sentido no nada ou achar que nada tem sentido?
Fugir da contradição ou aceitá-la?
Crescer ou se igualar?
Confiar ou duvidar?
Aceitar ou lutar?
Isolar-se ou interagir?
Pensar ou esquecer?

Pensar, enlouquecer, morrer!

sábado, 26 de setembro de 2009

O começo


O ametaforado metido a poeta

Leio os grandes
E percebo minha mediocridade.
Ainda assim continuo escrevendo,
Buscando minha verdade,
Modificando-me e revelando o que sou ou finjo ser.

Talvez nunca escreva bem,
Mas ainda assim quero sentir essa necessidade de escrever,
Assim como almejo satisfazer-me e temo sentir-me satisfeito.

Uma pitada de maconha,
Uma colher de insanidade,
Mais baldes, vasilhames, tanques de conhecimento e vocabulário,
Por ventura aprimorariam minha suposta poesia.
Poderiam, todavia, comprometer sua pureza e autenticidade,
Que por ora são as únicas qualidades que minha violenta autocrítica ou bom senso permite notar.

Gabriel T.